O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição complexa de neurodesenvolvimento, destacada por desafios em interação social, comunicação e por comportamentos repetitivos.
Mas é crucial entender: o autismo não é uma doença. É uma maneira única de experimentar o mundo, variando amplamente entre cada indivíduo. E por isso o atualmente se define como dentro de um espectro.
As características do TEA acompanham a pessoa desde a infância até a vida adulta, e podem se apresentar em maior ou menor grau dependendo de sua intensidade.
Os primeiros sinais
Os sinais mais determinantes estão relacionados à comunicação e à interação social e podem aparecer desde bebês.
Os bebês podem desde muito cedo apresentar poucas expressões faciais, baixo contato visual e pouca interação com as pessoas. O sorriso do bebê em reação ao rosto conhecido ou a estimulação de outra pessoa pode ser um dos primeiros sinais.
Não reagir a interações, não olhar na direção de alguém quando ouve chamar seu nome, não balbuciar sons como “ mama” e “ dada”, não olhar na direção do que uma adulto aponta - chamado de olhar compartilhado também podem ser alguns indícios.
À medida que vão crescendo outros sinais podem se apresentar tais como: atraso da fala, ausência de pronunciar as primeiras palavras, não bater palmas ou dar tchau e nem imitar alguém. Se manifestam também na escola, no grupo social e em todos os contextos que ela participa.
Algumas características comuns na interação social:
- Não olhar nos olhos ou evitar olhar nos olhos;
- Não sorrir quando alguém sorrir para a criança, ou sorrir pouco;
- Não se permitir ou evitar abraçar ou beijar;
- Ter dificuldade em fazer amigos;
- Ter dificuldade em se relacionar com outras crianças, preferindo ficar sozinho; e
- Não solicitar ajuda para fazer o que deseja ou expressar o que sente etc.
Algumas características comuns na dificuldade de comunicação:
- Não fazer uso da linguagem verbal;
- Falar pouco e às vezes de forma difícil de ser entendida.
- Repetir frases e palavras várias vezes; ou pedaços de palavras, principalmente falas de filmes ou trecho de músicas;
- Não compreender gestos e expressões faciais, metáforas e figuras de linguagem;
- Não entender piadas, ditados populares ou sarcasmo;
- Deixar de responder ou demorar a responder quando chamado; e
- Manter um tom de voz monótona.
Algumas características comuns em relação a alterações comportamentais:
- Não ter medo de situações perigosas, como atravessar a rua sem olhar para os carros, ou chegar perto de animais perigosos, como cães de grande porte;
- Ficar muito agitado e aborrecido com pequenas mudanças na rotina ou no ambiente;
- Ter muito interesse por algo muito específico, como a roda de um carrinho ou a asa de um avião;
- Fazer movimentos repetitivos, como bater as mãos, sacudir os dedos ou balançar o corpo para frente e para trás, principalmente se estiver feliz, ansioso ou triste;
Quais as possíveis causas?
Pesquisas apontam uma combinação de fatores genéticos e ambientais, como responsáveis pelo TEA. Porém, hoje em dia, os especialistas consideram que a contribuição dos fatores genéticos esteja ao redor de 90%.
Diagnóstico
O diagnóstico é exclusivamente clínico.
Ele é realizado através de anamnese com a família, questionários respondidos por quem convive com a criança e observação da criança.
É importante lembrar que quanto mais cedo a criança receber o diagnóstico e iniciar tratamento, maiores são as chances de mudanças de comportamento e do aumento de autonomia e funcionalidade para o seu futuro.
Tratamento e cuidados com a criança
O tratamento de crianças com TEA é multi e interdisciplinar. Deve ser realizado conjuntamente pelo psiquiatra, neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional especializado, nutricionista e terapeuta de família. O tempo de acompanhamento e os profissionais envolvidos nesse tratamento depende de cada criança e de como se apresenta o TEA.
É muito importante que sejam trabalhados os aspectos emocionais visando acolher as dificuldades e sofrimentos observados e manifestados pela criança e pela a família.
Para a criança/adolescente que apresenta TEA, é fundamental a aceitação e a atuação da família, da escola e da comunidade a que ele está inserido. É importante que a rede de apoio saiba das suas características, habilidades e dificuldades e que sejam respeitadas e acolhidas.
O diagnóstico e a intervenção precoce são, juntos, a melhor forma de contribuição à uma criança que apresenta TEA.
Família e escola
A parceria e a confiança entre a família e a escola se tornam um diferencial positivo na vida de uma criança portadora de TEA.
A escola precisa conhecer as particularidades daquela criança para que possa oferecer melhores formas de contribuir com a aprendizagem, autonomia e sua adaptação social. Parte dessa contribuição diz respeito a uma constante capacitação dos profissionais que lidam com esses alunos para que todos sejam capazes de acolher e manejar todas as situações que possam, porventura, surgir.
Algumas vezes, as crianças podem apresentar agitação motora, mudanças abruptas de comportamento e os profissionais precisam saber manejar para preservar tanto a criança como todos à sua volta.
Dessa forma, a escola poderá acompanhar mais de perto e discutir com os profissionais que assistem a criança sobre os métodos eficazes para cada criança e as necessidades do aluno.
Além de olhar as especificidades do aluno com TEA, a escola precisa ensinar às turmas e à Comunidade Escolar a melhor forma de acolher e incluir esse aluno. Ou seja, é necessário um trabalho inclusivo para toda a escola.
O objetivo da parceria e do engajamento da Comunidade Escolar é estimular o desenvolvimento do estudante, desenvolvendo suas habilidades e minimizando os entraves ocasionados pelo TEA, para que nossas crianças e jovens tenham uma vida saudável.